Tratado Menor do Tempo

Edigles Guedes

O que é o Tempo?
“O Tempo foi
E não é mais
E vai ser
E ainda não é.”

O Tempo existe por si mesmo.
Está marcado na curvatura inerme da coluna de Concreto armado,
No engelhamento xadrez da Pele,
No florescimento dos Campos de mármores da França,
No Orvalho ofuscante da manhã,
Na corrida desembestada do Coelho de Alice,
No engazopamento das batidas frouxas do Coração de berinjela.

Ser jovem ou ancião,
Estar dormindo ou desperto — estas
Coisas se transformam uma nas outras
E são novamente transmudadas em si mesmas.
Olhe e veja: o de bonito
É o que há de vir!…

“Não podemos no banhar
Duas vezes no mesmo rio.”
O Relógio de Acaz não para.
O Relógio de Nuremberg, também, não para.
Já não podemos chorar pelo Leite derramado,
Pois o derramado se foi e o Leite ficou só.

O Tempo prossegue em sua marcha irreversível
Contra as Ampulhetas egípcias,
Contra os Relógios atômicos…
O Tempo pede passagem:
E passa,
E segue,
E finca
Suas garras em nós cegos de Equilibrista em corda bamba.

27-5-1995. 2-2-2010.

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