O mar

“O mar soprava sinos”
João Cabral de Melo Neto



O mar soturno e silêncio.
Só, si, só, si, só, si.
O mar socava a sílaba
Do vento para dentro
Da boca de sapo da noite.

O mar soluço e cimento.
Só, si: só, si, só, si.
O mar soassava a si
Nas pedras da praia de
Boa Viagem, sem açoite.

O mar soçaite e sina.
Só, si — só, si, só, si.
O mar sobalçava-se,
Avistando o horizonte
Corcovado da luz açafrão.

O mar sóbrio e cianeto.
Só, si; só, si, só, si.
O mar sobraçou o sial
De um grande rochedo,
Que lhe amarrotou as pernas.

O mar sólido e símil.
Só, si, só, si, só, si.
O mar soava sinagoga,
Quebradas das ondas que
Albatrozes gorjeavam azuis.

18-2-2010. 16h 38.

Postagens mais visitadas deste blog

Taí, no escurinho do cinema,

Beijo em Apenso

Quebra de Página,