Tuas Mãos

Edigles Guedes

As tuas Mãos de silício e açúcares
Detiveram o Mar.
O Mar de eletrodomésticos cariados,
Que comem o infinito
Do vir a Ser eu mesmo,
Que bebem o transfinito
Do Ser que se foi em mim!

As tuas Mãos de sal e caixa de fósforos
Detiveram a Terra.
A Terra de vulgares ossos imprescindíveis,
Que devoram o finito
Do Ser que se refaz a cada manhã;
Que digerem o definitivo
Do Ser tão lânguido e aquecido, o qual estará em mim!

As tuas Mãos de garrafa e sódio
Não detiveram o Céu,
Que desabou em tua cabeça,
Em avalanche de flashbacks antediluvianos
De tanta bem-aventurança incontidas no teu crânio.
Eu quero me banhar de Céu,
Nesta tarde de inverno proscrito,
E dividir contigo o pão da felicidade em meus olhos nítidos,
Embora desarticulados, vesgos que são!

24-2-2010.

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