Escrivaninha
Alisei a tua pele macia,
Que, de tão macia, eclodia
As verrugas de tua tirania
Em minha epiderme adentro.
Amor é coisa de pele,
Que se pega com as mãos e
Se sente com o taco dos dedos,
Em sinuca sem bico,
Sem Tejo, sem medo.
Alisei o teu dorso de fera
Que, de tão feroz, faz cera
De abelha na colmeia de plantão.
Cada qual das abelhas comia
O néctar das flores, assim como
Eu me abria a sentar na varanda
De tuas pernas e dizia cá comigo:
— Hoje, ela está tão devagar, com
Seu dorso a passear em lanternas!
Alisei, aliso, alisarei o teu
Beijo de escrivaninha na pele
Do papel, cujo ofício é servir
À caneta de amparo, de laço
Entre o físico e o metafísico,
Entre o escrito e o pensamento.
— Minha cara escrivaninha, que nó
Tu me deste na boca do estômago!…
17-2-2010. 6h 1.
Que, de tão macia, eclodia
As verrugas de tua tirania
Em minha epiderme adentro.
Amor é coisa de pele,
Que se pega com as mãos e
Se sente com o taco dos dedos,
Em sinuca sem bico,
Sem Tejo, sem medo.
Alisei o teu dorso de fera
Que, de tão feroz, faz cera
De abelha na colmeia de plantão.
Cada qual das abelhas comia
O néctar das flores, assim como
Eu me abria a sentar na varanda
De tuas pernas e dizia cá comigo:
— Hoje, ela está tão devagar, com
Seu dorso a passear em lanternas!
Alisei, aliso, alisarei o teu
Beijo de escrivaninha na pele
Do papel, cujo ofício é servir
À caneta de amparo, de laço
Entre o físico e o metafísico,
Entre o escrito e o pensamento.
— Minha cara escrivaninha, que nó
Tu me deste na boca do estômago!…
17-2-2010. 6h 1.