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Cristalino

Eu distingo teu rosto Cristalino de mágoas. Antes que fosse rosto De melhor cristalino, Que pinte o desfortúnio Com tinta mais fortuita De pintor conhecido Por incógnito estilo Da crítica ferida. Quiçá ser cristalino Do mar e suas águas, Que me ensaboam; pranto De suor, sal e sol; Dia vindouro: porto, Onde atraca pavio, Curto ou comprido; olvido, C onforme cruz de enxeco, Que cada qual carrega. Quiçá de cristalino O rio e suas águas, Que me banha de seu O sangue demais doces, Que me banha intestino De quem profuso falta, Por amor ou calar, Derradeiro perdoar. Quiçá do cristalino Que existe no metal, No metal rija faca, Que tanto me consterna, Quanto me sarapanta, Em sua baba de fúria, Em sua boba lamúria, Em sua boca a secura. Quiçá esse cristalino, Que existe no cristal, De nome ou exercício, Sem outro de si igual: Impermisto, acessível, Carrasco por mingau, Que na boca dilui A coisa que era tal. Porém, não! No teu rosto Havia o cris...

Boca no Trombone

Vamos pôr a boca no trombone! — Sol a culpa é tua! Por não brilhares intensamente, A tristura aconchegou-se No meu coração enxota-moscas. Vamos pôr a boca no trombone! — Lua a culpa é tua! Por não cantares as canções mais Agres de ninar, A tristura aprochegou-se De mim e fez guarida no meu Coração enxota-moscas. Autor: Edigles Guedes.

Pássaro

Cuido que não sucedeu manhã, Se bem que um pássaro chilreou. Janela sonsa que despertou O Sol de sua órbita celeste. A meu ver, não sucede manhã, Porquanto meus olhos se baldaram De tuas lágrimas, que escorriam Da tua fronte afora, caindo No meu regaço, abrigo de bruta Falácia; tu, porém, não te deixas… O engodo em boca desvanecer. O Sol, fulgente e bravo, por sorte Enxerga o teu rosto tão regado Das águas — mordem as duras mágoas! O astro, veraz na constelação, Estreita as mãos para te abraçar. Chamejo os ciúmes, e cuspo a fúria, Desato o fogo, trovão de amor. Digo-te o quê? Pássaro chilreante? O simples: não o vi, tão somente Escuto um lindo cicio de canto, Deitado à casa com sua janela. Autor: Edigles Guedes.

Lutas Inglórias

Brinque e pinique com meu coração risível… Andarilha, navega por terras de carnes Opulentas; teu corpo fascinante… raça De carnívora, que me devoras as pernas; Víbora, com sua língua tão bipartida, Me consomes; prudentíssima cascavel… Os beijos mais sílfides, que agora provei; E jungidos em colcha de penas, dormimos; Amanhecemos, tão sorridentes, fagueiros; De tuas mãos e carícias mil não me privo… Jamais! Jamais! Jamais! Jamais! Repito o silvo, Por longa, densa, enfática e errática, salvo A selva — mansuetude em flecha arcaica no alvo; Saliva que me nutro, como leite níveo Nos lábios do bebê nu — regaço de mãe; Da tua boca, sorvo mais o hálito puro Das manhãs e neblinas que vagam aqui; E mergulho fundo nas proezas de teus braços; Façanhas provocam-me em suspiros, delírios, Que me incutes pelos lençóis alvinitentes; De tua entranha arranco os agudos suplícios; Ah! carne de proezas, que me fazes gemer De gozo infindo, abocanho-te, gemebundo; Mastigo tuas pa...