Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Manhã

Pássaro

Cuido que não sucedeu manhã, Se bem que um pássaro chilreou. Janela sonsa que despertou O Sol de sua órbita celeste. A meu ver, não sucede manhã, Porquanto meus olhos se baldaram De tuas lágrimas, que escorriam Da tua fronte afora, caindo No meu regaço, abrigo de bruta Falácia; tu, porém, não te deixas… O engodo em boca desvanecer. O Sol, fulgente e bravo, por sorte Enxerga o teu rosto tão regado Das águas — mordem as duras mágoas! O astro, veraz na constelação, Estreita as mãos para te abraçar. Chamejo os ciúmes, e cuspo a fúria, Desato o fogo, trovão de amor. Digo-te o quê? Pássaro chilreante? O simples: não o vi, tão somente Escuto um lindo cicio de canto, Deitado à casa com sua janela. Autor: Edigles Guedes.

Liquidificador e Suco

Exprimir-me, como esse liquidificador… Sentir-me completo, vasto e tão vulgarmente útil… Tirar-me os grilhões, que me atam ao chão, que prolongue… Sacudir-me a roupa, jogando o pó para longe… Perder-me inteiramente num proferido soco… Achar-me, no mínimo, as partes num esculpido… Extrair o delicioso suco De intragável fruta, manhã fútil… Fútil vida de quem merece alto Os haustos da delinquida aurora… Regato rumoreja os tardios Passos da água por rocha, com brios… Autor: Edigles Guedes.