O Rio de Passagem

Edigles Guedes

O Rio — de tudo é diferente e diverso do Espelho transparente,
Obstante, fotocópia retórica das águas; sendo este, imobilizado de si e contigo,
Inerte, inerme, no tempo e espaço, ressoa som sibilante, dissonante;
Aquele outro, dinâmico, escorrendo, trismegisto, em direção ao Mar
Trissectrix, que se desdobra em outros deltas de rio maior — cissóide!

O Rio, esse ser de contornos, volteios, margens e barrancos envernizados,
Não se pode ver em fúria cega, em raiva cheia, pois é pior do que furacão: ruína ar,
Destroços! Leva a tudo e a todos, em águias águas sem cabelos: o Rio divide e distribui seu [selo.
Por isso, o Rio é rio: o Rio — terra de ninguém, tal qual coração de homem:
Eletrodoméstico inquebrantável — obturação mastigável: tanto terror quanto nuvem…

13-8-1997. 8-2-2010.

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