A Caneta

Quem já entrou na pele
De uma caneta ésfe(r)rográfica
Para saber o que se
Passa em sua mente
De brilhantina e suor?
Talvez, nesse instante,
Quando a brisa bate
E balança o papel,
Transpiração de tinta,
A caneta se esvai
Em sua serventia,
Tal como um
Jumento com cangalha
Do Sertão pernambucano,
Tal como a
Moça de cabaça
No ombro ou com rodilha
De pano na cabeça, tal
Como a noite: que
Ins^nia de dia!

Quem já entrou na pele
De uma caneta ésfe(r)rográfica
Para saber o quanto
Se gasta de caloria
No físico exercício de
Se escrever uma linha
Com filologia
Ou parágrafo
Sem semáforo,
Ou página alada,
Ou folhas de um livro
Sem eira, cujas beiras
Ficaram de orelhas em pé?
As pernas da caneta, me
Corrijo, a perna de
Saci-cererê da caneta
N~o quer saber do gás
De cozinha (que findou),
Deixando a cozinheira
De mãos abanando
O fogão sem carvão,
Mas elétrico no chamejar
Das labaredas de chuva
Avessas de fogo;
N~o quer saber da centopeia,
Caracol de medo, pois
Um homem feiíssimo
Chegou-se, e sem querer,
Tocou no caminho lerdo

Dela. A caneta, por si só,
Instrumento de ideias,
Sachês ou equivocadas,
Ou evocadas,
Segue vanguarda o seu
Caminho. Passa monte,
Passa montanha, passa
Rio, passa carinho; lá
Vai ela: tão caneta de si!
N~o se importa com a sopa
Fria em insaciável dia,
N~o se importa com a comida
De marmita e o pouco sal,
N~o se importa com a
Chuva serôdia. Se chove
N~o molha, se molha
N~o chove. A caneta,
Ela sim, chove, chuva,
Todos bons-dias sua tinta:
Sua serventia à pátria de minha
Literatura blogueira ou
De papel cálamo. Caldo
Knorr calado de galinha?

20-2-2010. 3h 40.

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