Ao Telefone com Fernando Pessoa
Edigles Guedes
Para Ju
Alô, Fê, a Ju me chamou de fakê! Sabe, eu juro que não sabia o quê
Era fakê. Mas aí, fiz uma consulta ao doutor Google; e ele me disse
Que fakê é falso. De pés juntos, eu o neguei! Oxê, eu não sou falso; eu
Sou é fingidor, que nem você, Fê. Imagine se a Ju lesse o teu
Poema Autopsicografia!… A gente, que nem sabe se é poeta ou não, finge tão
Descaradamente que chega a fingir que é flor, a dor que com verrugas consente.
O poeta, coitado, nasceu pra ser isso: ô raça de estupradores de léxico alheio!…
Ô Fê, vou te contar uma de arrasar quarteirão de madame da zona sul!…
Faz dois anos, e isso dói na cabeça, como dói uma nevralgia, eu fui ao médico
E ele me disse, o senhor vai morrer, eu perguntei, de que doutor, ele me
Afiançou de tanto tomar vitamina de mamão com sedentarismo, aí, eu fiquei pros pés não [ter,
E o senhor, caro doutor, sabe do que vai morrer, ele exclamou, não, de tanto
Tomar vitamina de banana com desentupidor de pia, por que desentupidor de pia,
Porque o senhor só dá pra falar da gordura nojenta das caçarolas do dia a dia.
Alô, Fê, tá me ouvindo?… Essa operadoras — de telefonia celular — cobram o olho da cara
Por um serviço besta. Basta um feriado nacional pra haver um colapso na linha! Que lástima!
Ô Fê, cadê a poesia? A poesia se enxaguou na lavanderia, foi? Como é que tá por aí?
Aqui vai bem, embora desde o mês de setembro que o calor anda empurrado, quase
Que cai por escada abaixo! Brincadeirinha, ouviu, seu fedelho. É, pois é, o sol sapateia o [juízo
De um cristão. Tchau, ô meu. Eu vou tomar um banho de praia no posto de gasolina do [Caravan!
Vou beber água de coco com gelo de sol! Usar o protetor solar Cenoura&Bronze no comboio [de cordas do coração!
Salgueiro, 2-2-2010.
Para Ju
Alô, Fê, a Ju me chamou de fakê! Sabe, eu juro que não sabia o quê
Era fakê. Mas aí, fiz uma consulta ao doutor Google; e ele me disse
Que fakê é falso. De pés juntos, eu o neguei! Oxê, eu não sou falso; eu
Sou é fingidor, que nem você, Fê. Imagine se a Ju lesse o teu
Poema Autopsicografia!… A gente, que nem sabe se é poeta ou não, finge tão
Descaradamente que chega a fingir que é flor, a dor que com verrugas consente.
O poeta, coitado, nasceu pra ser isso: ô raça de estupradores de léxico alheio!…
Ô Fê, vou te contar uma de arrasar quarteirão de madame da zona sul!…
Faz dois anos, e isso dói na cabeça, como dói uma nevralgia, eu fui ao médico
E ele me disse, o senhor vai morrer, eu perguntei, de que doutor, ele me
Afiançou de tanto tomar vitamina de mamão com sedentarismo, aí, eu fiquei pros pés não [ter,
E o senhor, caro doutor, sabe do que vai morrer, ele exclamou, não, de tanto
Tomar vitamina de banana com desentupidor de pia, por que desentupidor de pia,
Porque o senhor só dá pra falar da gordura nojenta das caçarolas do dia a dia.
Alô, Fê, tá me ouvindo?… Essa operadoras — de telefonia celular — cobram o olho da cara
Por um serviço besta. Basta um feriado nacional pra haver um colapso na linha! Que lástima!
Ô Fê, cadê a poesia? A poesia se enxaguou na lavanderia, foi? Como é que tá por aí?
Aqui vai bem, embora desde o mês de setembro que o calor anda empurrado, quase
Que cai por escada abaixo! Brincadeirinha, ouviu, seu fedelho. É, pois é, o sol sapateia o [juízo
De um cristão. Tchau, ô meu. Eu vou tomar um banho de praia no posto de gasolina do [Caravan!
Vou beber água de coco com gelo de sol! Usar o protetor solar Cenoura&Bronze no comboio [de cordas do coração!
Salgueiro, 2-2-2010.