Tristeza

Edigles Guedes

A tristeza do Poeta é tão hipertensão arterial:
Como quem quer o corpo abraçar,
Mas lhe faltam os braços!…
Como quem quer a boca beijar,
Mas lhe faltam os lábios!…
Como quem quer a mão apertar,
Mas lhe faltam os dedos!…

A tristeza do Poeta é tão sistólica,
Como sistólico é o poço no Sertão de sol
— Poço de osso e Morte,
Sol de couro e jegue.
A tristeza do Poeta é tão diastólica:
Tal qual o mar no litoral, que
Joga de si os seus próprios sargaços.

A tristeza do Poeta é tão hipertensão arterial e
Sistólica e diastólica: quanto!
Quanto só não é igual a ela mesma —
Numa madrugada no hospital,
Fazendo check-up ou passeando no corredor da clínica geral!…

9-12-1993. 4-2-2010.

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