Era bom que...

Era bom que este
Abraço, de momento,
Pouco desdenhoso,
Durasse por todo um
Vil contentamento!…

Era bom que este
Longo ósculo
Sul-americano,
De apaixonado
Com cara de
Cachorro atropelado,
Durasse o quanto foi
De assaz agrado!…

Era bom que estes
Ignóbeis pensamentos
Fossem pirandellos
De ternuras em gramáticas,
Ainda que sem carinhos
E sentimentos liquefeitos!…

Era bom que nunca
Houvesse em nossas
Vidas, abjetos tormentos.
E nós dois bem
Juntinhos, para
Sempre do sempre,
Fôssemos este
Breve beijamento!

Era bom que eu
Me obnublasse
Como as nuvens
De moscas que
Atacam a ferida
Pútrida em aberto
Campo de sangue
E terror de batalha
Na guerra entre a
Vida e a morte
De quem vive
Na cova rasa
Do prato de comida
Tão sóbrio e vazio,
Como se o sinal de
Infinito fosse a
Junção estúpida
De dois “O”
Com um pontinho
De feijão no meio.
A barriga
Grunhe nessa
Manhã sem
Inverno ou
Cadeira pra
Nos sentarmos
E federmos
Sozinhos o mundo
Tão alheio de nós!…

29-9-1997. 15-2-2010.

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