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Mostrando postagens de agosto, 2010

Arrasto um Bonde

Edigles Guedes Eu arrasto um bonde por ti, Eu arrasto minha asa de Tal mansidão e jabuti!… Porque a vida devasta Essa intensa saudade. Eu arrasto um bonde por ti, Eu arrasto táxis paleios De carona o buriti E pele gimnoblasta, E seu álacre galanteio. Eu arrasto um bonde por ti, Eu arrasto minha calma Dolente de pênalti Sem falta – lagoftalma Paixão: o verão me espalma!… Eu arrasto um bonde por ti, Por ti somente e ninguém Mais, pois o tutti frutti Me pegou de cheio. E esse alguém É esta como aruá, bem!… 31-8-2010

Um Homem Comum e seu Estresse

Edigles Guedes Era um homem comum e nada Mais que isso? Trazia consigo Sua pasta de escritório, e alma Burocrática de domingo, E barba escanhoada, sem perigo. Ou levava consigo a voz De astronauta do asfalto liso, Ou a voz da natureza-morta, Sem risco, sem riso, sem siso? Sim, trazia consigo um bico De papagaio, presente das Horas extras no escritório, Sentado à escrivaninha assada. Levava consigo as suas Hemorroidas crisálidas; Alguns comprimidos para Hipertensão; outros, diabetes. Não sabia da alta na bolsa De valores, não sabia desse Inominável estresse… Atrasado para o jantar, Deu com a mão o sinal ao ônibus. O ônibus parou? Não parou! E ele perdeu o primeiro, O segundo e o terceiro… No quarto e derradeiro, Ele se afobou de vez. Entrou pela porta dos fundos, Não pagou passagem, porquanto Estava aflito. Por cinco Anos consecutivos Perdera o aniversário De seu único filho querido. E tudo quanto recebia De parco salário Não dava para pagar

A Lua Pendurada

Edigles Guedes A Lua no seio da noite É tão barata quanto uma banana da feira. Por que tudo nesta vida Há de ter: preço, lucro, juro, usura? Até a poesia botou preço, E está à venda. Um livro de cordel Quanto custa? A bagatela De dois reais e uns quebrados. A noite é tão fria e sem preço Como a Lua pendurada na corda das nuvens! 22-8-2010.