Hoje, fui bater pernas, Como quem não quer nada; As pernas automáticas Me levaram ao sebo, Onde se vende uns livros Puídos, ora mofados, Ora sujos de poeira Antiquíssima, pois, Perdida por aurora Em tempos tão distantes. Me encantei pela capa, Fútil livro qualquer, Tudo indica que velho, Rabugento, matreiro, Solto às traças das horas, Dado às baratas sérias, Que passeavam sórdidas Nas prateleiras bambas De pés, sem a firmeza De costume ou destreza. Minha mão claudicante Pousou naquelas páginas Tão empalidecidas… Ao meu toque de bruto Ogro, desabrochou A flor deslumbradora Das letras cativantes. Rendi-me, então, pasmado: Duro piscar de pálpebras, Comprei o livro. Súbito, Arrochei minhas vistas Numa pequena mácula; Aliás, não era mácula, Mas, sim, miúdos rabiscos Na introdução do livro. Meu coração padece, De furta-dor, me sinto Como quem levou pito. O vendedor passou-me A perna, vendeu gato Por lebre. Nada obstante, Ao reparar no traço, Q