Pássaros, Assassinatos & Flores

Edigles Guedes

Pássaros voam pela minha Cabeça, rasantes,
São verdes, amarelos, vermelhos,
São melros, rouxinóis, papa-capins, bem-te-vis, canários.
Um trem-bala — trovejantes de pássaros…

Lá fora, o latido-soluço do Cachorro
É Silêncio partido em dois,
Por Faca uma de dois legumes — assassinato!
Um melro assassinado na street Madson,
Acorda um bairro inteiro.

O ploc! do corpo abafado
Perturba os sonhos
Dos trabalhadores atarefados;
O ruído, contínuo e incessante, atiça
Uma de pessoas turba curiosas.
A rua enche,
A praça estoura:
A Quinta Avenida desaparece do mapa.
Uma confusão interminável se instala:
Choros roxos e alaridos rostos,
De boca em boca,
Numa inundação…

Depois, será novamente a Primavera, estação das flores,
Cujos odores maciços se espargirão pelos ares,
Dos adentro lares e das narinas; enquanto por,
O que há de concreto é esta dor de bomba muda de hidrogênio…

Hoje, a fachada do prédio encontra-se limpa,
Sem da inocente o sangue vítima, que vaga
Pelos da burocracia labirínticos corredores.
(Basta-nos prantear tal despedida?)
Uma impoluta pétala cai ao chão de flor
Desnorteada vento pelo de outono — abiético e cíclico.

Meus parabéns, flores! Podem dormir
Por mil e anos quantos.
Lá fora não faz calor, pois o sol se apagou de gás carbônico.

30-4-1993. 4-2-2010.

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