A Rosa Morfossintática

Edigles Guedes

A Rosa Morfossintática
Atingiu certeira e por detrás
A última Flor do Lácio,
Que ficou cafona e jeca.
A Flor do Lácio sofreu à breca,
Levando o nome de brega!…

A Rosa Morfossintática
Plasmou a sociedade de consumo,
Pisoteando o léxico: paz!
Embora, no imo, soletrasse
A indubitável e marica
Palavra: Guerra!… Guerra!…

A Rosa Morfossintática
Mangou de Olavo Bilac,
Debochou de Oswald de Andrade!
A Rosa Morfossintática disse:
— Eles são pontos extremos
No espaço cibernético!…

A Rosa Morfossintática,
Criadora de moda, que vive de moda,
Como Coco Chanel; olhou à roda
E disse: — O presente e o passado
São cornucópias desvairadas!…
Mensagens fonadas de amor tresloucado!

A Rosa Morfossintática
Gaba-se de ser pós-moderna;
Mas, verdadeiramente,
É retrógrada e ultrapassada!
Olhem suas pernas desgastadas,
E sua cara de escarradeira!

A Rosa Morfossintática
Gabola; ela ufana-se e vangloria-se
Por ser cabeça oca, bastante oca!
Alienada, alienadíssima alienígena!
A bela murixaba adormecida,
Depositada nos portos de Recife,
Como o açúcar cristalino,
Refinado, que nunca sai de moda!

A Rosa Morfossintática,
Coitada! Pobre, esquelética,
Mofina, feneceu tão
Sofisticadamente atropelada!…
Foi na Rua do Hospício
Cruzando a avenida
Conde da Boa Vista!
Adeus, Rosa Morfossintática!…

Recife, 26-6-2004 e Salgueiro, 24-1-2010.

Postagens mais visitadas deste blog

A Lei

Rabiscos no Livro

O Cupim e o Trampolim