Janelas de mim

Edigles Guedes

Se eu tivesse janelas de mim,
Em que eu me debruçasse no parapeito,
Olhando-me com olhos lânguidos,
Acharia sequer da bicicleta um selim?

Se eu tivesse portas de mim,
em que eu me sentasse em sua escada,
Olhando-me com os olhos cândidos,
Acharia sequer de sorvete uma casquinha?

Se eu tivesse janelas de mim,
Se eu tivesse portas de mim,
Montaria no mais indômito pangaré
E fugiria daqui, de mim e de ti!

Sim, fugiria de mim e de ti, Amor!
Bastaria eu haver-me com janelas e portas.
Amor — são tantos escândalos mal confessos,
São tantas verdades não ditas ou ditas pela metade…

Não vale a pena nós dois brigarmos. Não
Se preocupe, eu já achei uma janela em mim.
Eu vim pegar a minha escova de dente;
Pois esta Noite eu vou partir para perto de Mim!…

Salgueiro, 18-1-2010.

Postagens mais visitadas deste blog

A Lei

Rabiscos no Livro

O Cupim e o Trampolim