Conselho de Papéis Amassados
Edigles Guedes
Incólume, apuras-te, como se apara a ponta
De um lápis. A grafite quase que enferruja…
A faca em teimosa gastura de cabeça-tonta,
Que tanto apronta com o lixeiro e se suja.
O lixeiro, esnobe, com a sujeira metida
Em seu seio, pensa consigo que há mais amores,
E escarnece da face que o beija. Nesta lida,
Enleiam-se os aparos do lápis, entre dores e cores,
Aos papéis amassados e rotos no fundo da lixeira.
Eles dizem: — Poeta, não mos creia, pois há engodo
Nas escarlates letras da morena manhosa e faceira!
Pois há maior dano em se enlevar por nuvens
Do que os que caem no pântano pegajoso; já que o lodo
Tem cavernas, onde a gente pode se enfurnar, inda jovens!
Salgueiro, 13-6-2009.
Incólume, apuras-te, como se apara a ponta
De um lápis. A grafite quase que enferruja…
A faca em teimosa gastura de cabeça-tonta,
Que tanto apronta com o lixeiro e se suja.
O lixeiro, esnobe, com a sujeira metida
Em seu seio, pensa consigo que há mais amores,
E escarnece da face que o beija. Nesta lida,
Enleiam-se os aparos do lápis, entre dores e cores,
Aos papéis amassados e rotos no fundo da lixeira.
Eles dizem: — Poeta, não mos creia, pois há engodo
Nas escarlates letras da morena manhosa e faceira!
Pois há maior dano em se enlevar por nuvens
Do que os que caem no pântano pegajoso; já que o lodo
Tem cavernas, onde a gente pode se enfurnar, inda jovens!
Salgueiro, 13-6-2009.