Confissão de um Apaixonado
Edigles Guedes
Hipe e hurra! que colo tão
Sofá-cama tu possuis!…
O batom do teu sorriso
Faz-me rubro de vexame.
O manequim do teu quadril
Glugluava-me em cardume.
Mas esse salgado e vinagre
Do teu arredio temperamento…
Abrasa-me e constrange-me;
Faz-me perder o bom lume
Da minha sem-razão de viver,
Do meu terno pensamento
Virtuoso. Ah! amores a doer!
Inunda-me tão vis e ignóbeis,
E torpes, e soezes sentimentos
Que me põe entre os joelhos,
Prostrado no teu istmo colo.
Amor, como eu adormeço
Nos lençóis de tuas pernas!…
Amor, como eu amanheço
Nas almofadas de teus ombros!…
Amor, eu bastante entardeço
Nos cetins de teus castos pés!
Amor, caso eu assaz anoiteça
Em tuas caras lágrimas carmesins,
Perdoa-me pelos retratos partidos
Ao meio, dependurados que foram
No criado-mudo à orelha da cama…
Recife, 3-6-2004/Salgueiro, 23-6-2009.
Hipe e hurra! que colo tão
Sofá-cama tu possuis!…
O batom do teu sorriso
Faz-me rubro de vexame.
O manequim do teu quadril
Glugluava-me em cardume.
Mas esse salgado e vinagre
Do teu arredio temperamento…
Abrasa-me e constrange-me;
Faz-me perder o bom lume
Da minha sem-razão de viver,
Do meu terno pensamento
Virtuoso. Ah! amores a doer!
Inunda-me tão vis e ignóbeis,
E torpes, e soezes sentimentos
Que me põe entre os joelhos,
Prostrado no teu istmo colo.
Amor, como eu adormeço
Nos lençóis de tuas pernas!…
Amor, como eu amanheço
Nas almofadas de teus ombros!…
Amor, eu bastante entardeço
Nos cetins de teus castos pés!
Amor, caso eu assaz anoiteça
Em tuas caras lágrimas carmesins,
Perdoa-me pelos retratos partidos
Ao meio, dependurados que foram
No criado-mudo à orelha da cama…
Recife, 3-6-2004/Salgueiro, 23-6-2009.