Sôfrego e Trôpego
No primeiro bar de esquina, Hoje, inda hoje, te prometo Solenemente, de pés juntos, Mão deitada sobre a Bíblia, Como fazem nos tribunais. Vou encher a cara de poesia, Vou tomar todos os porres poéticos, E chegar em casa trambecando, Como fazem as moscas ébrias. E a cada passo claudicante, Entupirei os esgotos da rua, Com meu vômito mudo de poemas. E me lambuzarei todo em meu próprio E descabido vômito, Como fazem os porcos, Por amor surdo à lama, Porque só assim eu me vingarei do mundo… Mundo que só me deu duas coisas: — Escarro e gripe! Mas, eu também não fui santo, Devolvi-lhe o melhor de mim: — Este cuspe sôfrego E este poema trôpego! Autor: Edigles Guedes.