Pássaro



Cuido que não sucedeu manhã,
Se bem que um pássaro chilreou.
Janela sonsa que despertou
O Sol de sua órbita celeste.
A meu ver, não sucede manhã,
Porquanto meus olhos se baldaram
De tuas lágrimas, que escorriam
Da tua fronte afora, caindo
No meu regaço, abrigo de bruta
Falácia; tu, porém, não te deixas…
O engodo em boca desvanecer.
O Sol, fulgente e bravo, por sorte
Enxerga o teu rosto tão regado
Das águas
mordem as duras mágoas!
O astro, veraz na constelação,
Estreita as mãos para te abraçar.
Chamejo os ciúmes, e cuspo a fúria,
Desato o fogo, trovão de amor.
Digo-te o quê? Pássaro chilreante?
O simples: não o vi, tão somente
Escuto um lindo cicio de canto,
Deitado à casa com sua janela.

Autor: Edigles Guedes.


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