Lutas Inglórias



Brinque e pinique com meu coração risível…
Andarilha, navega por terras de carnes
Opulentas; teu corpo fascinante… raça
De carnívora, que me devoras as pernas;
Víbora, com sua língua tão bipartida,

Me consomes; prudentíssima cascavel…
Os beijos mais sílfides, que agora provei;
E jungidos em colcha de penas, dormimos;
Amanhecemos, tão sorridentes, fagueiros;
De tuas mãos e carícias mil não me privo…

Jamais! Jamais! Jamais! Jamais! Repito o silvo,
Por longa, densa, enfática e errática, salvo
A selva — mansuetude em flecha arcaica no alvo;
Saliva que me nutro, como leite níveo
Nos lábios do bebê nu — regaço de mãe;

Da tua boca, sorvo mais o hálito puro
Das manhãs e neblinas que vagam aqui;
E mergulho fundo nas proezas de teus braços;
Façanhas provocam-me em suspiros, delírios,
Que me incutes pelos lençóis alvinitentes;

De tua entranha arranco os agudos suplícios;
Ah! carne de proezas, que me fazes gemer
De gozo infindo, abocanho-te, gemebundo;
Mastigo tuas palavras, em mim renasce
O leão adormecido, por lutas inglórias.


Autor: Edigles Guedes.


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