Calo e Sopapo



Caso pise no calo
De algum desavisado,
Este lhe retribui
O favor merecido
E empresta-lhe um sopapo,
No meio do focinho
Ou no pé da barriga.
Por que escrevo logo isto?
Pego-me a indagar,
De vez em quando, sobre
Estas fúteis questões.
Digo, não me interessa
Pisar no pé de alguém,
Seja incauto parente
Ou seja um aderente,
Não me interessa o soco,
Emprestado com juros,
Correção monetária
Dos bancos, que não são
De praças (e repúblicas?),
Nem bancos de esperas
Dos hospitais ou clínicas,
Para exame de próstata
Ou glândulas mamárias.
Nunca! O que me importa
É este do pisar
O ímpeto do pé alheio,
É este do fervor
Do soco na barriga
De outrem, desconhecido,
Quem não goza do travo
Tão salgado e tão doce
Da amizade invocada.
Toda ação formidável
Vale, ao menos, um beijo
Na orelha de uma moça
Ou beijo roubado
De noiva, que debanda
Infrene dum altar?

Autor: Edigles Guedes.


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