Beijo em Apenso



Na ponta daquela língua,
Há dito preso nas grades
Do pensamento, por dentro
Do cérebro matutino,
Que desperta madrugadas
De pássaros ressentidos,
À janela de uma casa…

Engasgado na goela,
Pinga uma gota amarela
De pus ou gangrena, tísica
Que mastiga a metafísica
Das horas de rouxinol,
Quando sopeava no sol
E, de roxo, se despela…

Entortado na moela,
Demasiado me engasta
Esta sorte tão madrasta!…
O sorriso, que tigela
Não quis brindar à panela,
Floriu em teus lábios densos:
Um beijo parvo em apenso…

Autor: Edigles Guedes.


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