À Espera de Uma Carta

Edigles Guedes

Lamentavelmente, eu esperei a tua carta,
Postada nos correios;
Mas a tua carta não veio.

Decerto, não me deste aviso
De tua parcimônia,
De tuas letras parcas,
De teu trancado cofre
Às sete chaves,
De tua canção maleita,
De tua sensatez eleita
Para o dia insano qual breu ou névoa!…

Doravante, esperarei que me passes
Um e-mail, um desses correios biônicos…
Talvez assim se dilua em mim
Essas tuas palavras enfartes,
Palavras de amor ou ódio
(Eu não sei) ou de amizade
Quebrada na malária da tarde.

Avante, chorarei ou cantarei de alegria
Infinda tão quanto a noite conforta,
Tão infinda quanto a agonia
Dos pássaros sem postes elétricos
Para pousarem suas mágoas
E cânticos de tábuas burras como porta!

Como eu sou bobo!…
Ao acreditar em ti,
Se uma mera carta
(Ainda que de cortesia)
Não me enviaste!…

Lamentavelmente, eu esperei a tua carta,
Mas a tua carta não veio;
Porque a carta nunca existiu!

4-9-2010.

Postagens mais visitadas deste blog

A Lei

Rabiscos no Livro

O Cupim e o Trampolim